Capítulo 1. As línguas no contexto da educação de surdos.......................13
1.1 Introdução.......................................................................................13
1.2 Educação bilíngüe no contexto do aluno surdo..................18
1.2.1 O que é afinal educação bilíngüe.........................................18
1.2.2 Aquisição das línguas e a criança surda.............................19
1.2.3 A libras e a sua importância no processo de
alfabetização em língua portuguesa...........................25
1.2.4 Estágios de interlíngua na aprendizagem
da língua portuguesa........................................................32
1.2.5 Alfabetização em português no contexto
do aluno surdo....................................................................40
Capítulo 2. Sugestões de atividades para o ensino da língua
portuguesa para surdos...................................................45
2.1 Trabalhando com o “saco das novidades”.............................45
2.2 Trabalhando com o “saco surpresa”..........................................54
2.3 Trabalhando com “mesas diversificadas”................................60
2.4 Trabalhando com “vivências”......................................................67
2.5 Trabalhando com “leitura e vocabulário”..............................74
2.6 Trabalhando com “produção escrita”......................................84
Capítulo 3. Recursos didáticos...........................................................................99
"O ensino de Português para alunos surdos fundamenta-se em bases teóricas e em práticas de professores. Trata-se de um material que aborda a forma bilíngüe de efetivar a alfabetização de crianças com surdez, podendo colaborar com a formação continuada de professores, de forma a melhorar a qualidade da educação. Estamos certos de que o respeito à diferença lingüística e sociocultural das crianças surdas está assegurado."
Cláudia Dutra
Secretária da Educação Especial
MEC/SEESP
Muitas vezes, esses professores acreditam que o que usam seja a língua de sinais. Isso tem implicações no processo educacional da criança surda. A escola deve buscar alternativas para garantir à criança acesso aos conhecimentos escolares na língua de sinais e o ensino da língua portuguesa como segunda língua.
Observamos que a maioria dos professores quer garantir um ensino da língua portuguesa mais eficiente para o seu aluno surdo, atentando para o seu processo de aprendizagem. Além disso, eles buscam tornarem-se bons professores de língua portuguesa em uma perspectiva bilíngüe e querem saber como se ensina português como segunda língua para surdos.
As línguas no contexto da educação de surdos
As línguas expressam a capacidade específica dos seres humanos para a linguagem, expressam as culturas, os valores e os padrões sociais de um determinado grupo social. Os surdos brasileiros usam a língua de sinais brasileira, uma língua visual-espacial que apresenta todas as propriedades específicas das línguas humanas. É uma língua utilizada nos espaços criados pelos próprios surdos, como por exemplo, nas associações, nos pontos de encontros espalhados pelas
grandes cidades, nos seus lares e nas escolas.
A lei 10.436 de 2002 reconhece o estatuto lingüístico da língua de sinais e, ao mesmo tempo assinala que esta não pode substituir o português. A recomendação atual do MEC/SEESP é de que, em função da língua portuguesa ser, pela Constituição Federal, a língua oficial do Brasil, portanto língua cartorial em que se registram os compromissos, os bens, a identificação das pessoas e o próprio ensino, determina-se o uso dessa língua obrigatório nas relações sociais, culturais, econômicas (mercado nacional), jurídicas e nas instituições de ensino. Nessa perspectiva, o ensino de língua portuguesa, como segunda língua para surdos, baseia-se no aprender esta língua oficial que é tão importante para o exercício de sua cidadania. O decreto 5626 de 2005 assinala que a educação de surdos no Brasil deve ser bilíngüe, garantindo o acesso a educação por meio da língua de sinais e o ensino da língua portuguesa escrita como segunda língua. O fato de que esses são cidadãos brasileiros, têm o direito de utilizar e aprender esta língua oficial que é tão importante para o exercício de sua cidadania. O decreto 5626 de 2005 assinala que a educação de surdos no Brasil deve ser bilíngüe, garantindo o acesso a educação por meio da língua de sinais e o ensino da língua portuguesa escrita como segunda língua.
O que é afinal educação bilíngüe
Educação bilíngüe envolve, pelo menos, duas línguas no contexto educacional. As diferentes formas de proporcionar uma educação bilíngüe a uma criança em uma escola dependem de decisões político-pedagógicas. Ao optarse em oferecer uma educação bilíngüe, a escola está assumindo uma política lingüística em que duas línguas passarão a co-existir no espaço escolar, além disso, também será definido qual será a primeira língua e qual será a segunda língua, bem como as funções que cada língua irá representar no ambiente escolar. Pedagogicamente, a escola vai pensar em como estas línguas estarão acessíveis às crianças, além de desenvolver as demais atividades escolares. As línguas podem estar permeando as atividades escolares ou serem objetos de estudo em horários específicos dependendo da proposta da escola.
O português ainda é a língua significada por meio da escrita nos espaços educacionais que se apresentam a criança surda. A sua aquisição dependerá de sua representação enquanto língua com funções relacionadas ao acesso às informações e comunicação entre seus pares por meio da escrita. Entre os surdos fluentes em português, o uso da escrita faz parte do seu cotidiano por meio de diferentes tipos de produção textual, em especial, destaca-se a comunicação através do celular, de chats e e-mails.
No entanto, atualmente a aquisição do português escrito por crianças surdas ainda é baseada no ensino do português para crianças ouvintes que adquirem o português falado. A criança surda é colocada em contato com a escrita do português para ser alfabetizada em português seguindo os mesmos passos e materiais utilizados nas escolas com as crianças falantes de português. Várias tentativas de alfabetizar a criança surda por meio do português já foram realizadas, desde a utilização de métodos artificiais de estruturação de linguagem até o uso do português sinalizado.
A libras e a sua importância no processo de alfabetização em língua portuguesa
A seguir, estão listados alguns dos aspectos que precisam ser explorados
no processo educacional:
* estabelecimento do olhar
* exploração das configurações de mãos
* exploração dos movimentos dos sinais (movimentos internos e externos,
ou seja, movimentos do próprio sinal e movimentos de relações
gramaticais no espaço)
* utilização de sinais com uma mão, duas mãos com movimentos simétricos,
duas mãos com movimentos não simétricos, duas mãos com diferentes
configurações de mãos
* uso de expressões não manuais gramaticalizadas (interrogativas, topicalização,
focus e negação)
* exploração das diferentes funções do apontar
* utilização de classificadores com configurações de mãos apropriadas (incluem todas as relações descritivas e preposicionais estabelecidas através de classificadores, bem como, as formas de objetos, pessoas e ações.
Algumas formas de produção artísticas em língua de sinais podem ser incentivadas para a utilização de todos os recursos, tais como:
* produção de estórias utilizando configurações de mãos específicas, por
exemplo, as configurações de mãos mais comuns utilizadas na língua;
as configurações de mãos do alfabeto; as configurações de mãos dos
números
* produção de estórias na primeira pessoa
* produção de estórias sobre pessoas surdas
*produção de estórias sobre pessoas ouvintes
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